Aprenda como compor um Samba

Saudações, jovens pupilos.

Hoje é dia de mexer no caldeirão da magia da composição. Tire o pó da varinha mágica.

Vamos compor um samba em ritmo de Partido alto. Será um samba instrumental e a melodia principal será tocada pelo piano. Usaremos como referência antigos magos como: Almir Guineto, Jorge Aragão, Banda Black in Rio, Azimuth, Zimbo trio, entre outros.

O primeiro e principal ingrediente da poção é a melodia, assoviando a melodia e procurando os acordes no violão fui criando a melodia. Conforme a melodia do tema principal foi surgindo, fui definindo a estrutura, que ficou baseada em Forma A, forma B, forma A. Essa melodia passou a ser tocada pelo piano.

A estrutura harmônica ficou assim:

Introdução

G7M | G#7M | G7M | G#7M | G7M | D7(b9/#11)

Parte A

G7M | A7(#11) | Am7 | D7(9) | G7M | D7(9) G#7(#11) |

G7M | A7(#11) | Am7 | D7(9) | G7M | Dm7 | G7(13) |

Parte B

C7M | Cm7 | Bm7 | E7(b9) | Am7 | D7(9) | G7M |  Dm7 | G7(13) |

C7M | Cm7 | Bm7 | E7(b9) | Am7 | D7(9) | G7M | D7(9)  G#7(#11) |

Final

G7M | G#7M | G7M | G#7M | G7M | G6(b9) |

Nunca perca o significado de sua canção durante o ato da composição. A melodia é o espelho desse significado. A comunicação de uma canção instrumental está nas imagens que são criadas. Perceba que a melodia da parte “A”, nos remete a uma alegria íntima, como se o personagem estivesse caminhando pela cidade, observando tudo que acontece. A melodia da parte “B” nos conduz a intenção de uma alegria comunitária, onde o personagem passa a interagir com as pessoas ao seu redor.

O próximo ingrediente da poção, será o ritmo. Durante a parte “A”, o ritmo será o Partido alto, e na parte “B” o ritmo será o samba. O Contrabaixo e Violão darão o sentido rítmico principal. Para a criação da linha de contrabaixo usei como referência, grandes magos como: Luizão Maia, Adriano Giffoni. Para o Violão o grande mestre João Bosco.

O Cavaquinho foi preenchendo os espaços vazios com um ritmo bem solto.

Pense os acordes de uma canção como a roupa que veste a melodia. Os acordes usados aqui foram dissonantes para sugerir uma leveza. Se fossem tocados acordes mais simples, a canção teria menos leveza e seria mais crua, lembrando mais um samba de raiz. Portanto a escolha da harmonia definirá como o ouvinte sentirá a sua canção.

Para toda poção, precisamos colocar uma pimentinha. Por isso usamos o solo do violão e do cavaquinho para uma liberdade melódica e sugerir um diálogo. No solo de violão usamos muitos elementos do Jazz, sem perder de vista a síncope brasileira. No solo de cavaquinho buscamos como referência o grande Mago Waldir Azevedo e Carlinhos do Cavaco, que usava muitos intervalos de terça para criar uma linha rítmico e melódica.

Pense a composição de forma estruturada e que acima de tudo transmita o que você deseja. Vamos fechar com um ensinamento do Mago Thomas Edison: Talento é 1% inspiração e 99% transpiração.

Até a próxima lição meus queridos pupilos.